23.7.10

Poema-suicídio

A ira os olhos ardeu-me,
minh'alma ebuliu:
amargo líquido a vida é,
tomado em dose de cachaça.

Sombra tornar-me-ei,
às hienas cirandeiras deixada,
que nenhuma luz extinguirá
ou breu algum oculte.

Anêmico negrume deixo
em frio ferro fúnebre,
desonradas gotas.

Há de cobrir a carne os vermes,
os ossos a poeira
e todo pó memória ser.

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