21.5.24

Lembrança de Marília

Levanto tarde, é o que a janela mostra. 
Um sol idílico me beija a face 
E vejo pássaros, que cantam e brincam, 
E o azul cerúleo pulular de insetos. 
Lagartos correm por telhas, muros, 
Na busca sólida por tais insetos. 
Meus olhos seguem pelo verde-cobre 
E avisto uma árvore a bailar esguia. 
Estendo o corpo para fora lânguido: 
Conduz-me o sopro desta vida rude. 
Os ramos altos, cortejando o céu, 
Balançam leves ao que o vento dita. 
A sombra tênue mal acolhe o chão. 

Dirceu, que sombra te cobriu alhures, 
Nos campos frescos, embalando amor? 
Marília tépida em teus braços firmes, 
Ouvindo o amor que declamaste em versos... 
Tivesse feito qual fizeste tu, 
Tivesse dado meu amor em versos, 
Amor teria de Marília assim? 

Cativo fui duma Marília outrora. 
Marília moça, que a memória traz 
À luz presente de meus olhos lúcidos. 
Escrevo os versos deste poema métricos
Volteando ideias, e percebo enfim: 
Não foi Marília verdadeiro amor.

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