16.12.14
Sábado
Um corte vertical na paisagem descontínuo,
Uma queda de muitas e muitas vezes;
Luzes opacas, estalando muitas e muitas vezes.
E as cores-cinzas, fúnebres.
O dia é turvo.
Letárgica, a gata mal preenche o lençol.
Ora silenciosa, Haiany lê —
Ora sonora, Haiany escreve muitas e muitas páginas.
Eu assisto. Recorto a cena.
Espreguiço os olhos sobre o parapeito.
Fora, a paisagem embaçada:
O telhado goteja um filete
E o telhado — e as folhas — cintila.
Haiany tem o brilho da tela nos brilhos dos fios,
Dos lábios, com os quais umedeço os meus.
O meu calor se eleva, mas Haiany esfria.
Então, deito as costas,
Sonhando com o dia em que haja ócio.
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