Ofídio negro
Que algum deus petrificou
(Pois se cria, na morte).
Serpenteamos o elevado,
Dia após dia,
Oeste após sul.
À direita,
Repousa o gigante rochoso,
Com as vagas a marulharem os seus sonhos.
Serpenteamos o elevado
E abraça-nos uma quentura.
À esquerda,
Agitam-se as vagas
E o sal se cristaliza nos rostos.
Serpenteamos o elevado,
Prolongamos nossa fadiga:
Duma turba à outra,
De caos a caos,
A serpentear.
Insetos —
Enxame metálico —
Pelo dorso dum ofídio dum deus criador.
Serpenteamos o elevado,
E tenho das lembranças ternas
A perfídia... A perfídia...
Serpenteamos o elevado,
Sul após oeste.
Por entre braços lânguidos,
Surge Aurora, por uma fresta.
Rasga o plúvio prata-bronze.
O ciano em combustão.
Serpenteamos o elevado.
Acima de nós,
O ventre firme
Do ofídio de dorso quente.
Serpentemos o elevado:
Sempiterno sono das rochas,
Sempiterno marulhar,
Sempiterna passarela de carapaças metálicas.
Serpenteamos o elevado.
Os ombros arqueados se consolam,
Trocam sais.
Sempiterno serpentear.
(Pois se cria, na morte).
Serpenteamos o elevado,
Dia após dia,
Oeste após sul.
À direita,
Repousa o gigante rochoso,
Com as vagas a marulharem os seus sonhos.
Serpenteamos o elevado
E abraça-nos uma quentura.
À esquerda,
Agitam-se as vagas
E o sal se cristaliza nos rostos.
Serpenteamos o elevado,
Prolongamos nossa fadiga:
Duma turba à outra,
De caos a caos,
A serpentear.
Insetos —
Enxame metálico —
Pelo dorso dum ofídio dum deus criador.
Serpenteamos o elevado,
E tenho das lembranças ternas
A perfídia... A perfídia...
Serpenteamos o elevado,
Sul após oeste.
Por entre braços lânguidos,
Surge Aurora, por uma fresta.
Rasga o plúvio prata-bronze.
O ciano em combustão.
Serpenteamos o elevado.
Acima de nós,
O ventre firme
Do ofídio de dorso quente.
Serpentemos o elevado:
Sempiterno sono das rochas,
Sempiterno marulhar,
Sempiterna passarela de carapaças metálicas.
Serpenteamos o elevado.
Os ombros arqueados se consolam,
Trocam sais.
Sempiterno serpentear.