16.10.09

Autorretrato

Eis o titã adormecido:
Mestiço que a noite mal vestiu.
A pele feito terra,
Os músculos rochosos
E a carne escassa...
És tão pesado, titã audaz!
Nunca te inclinaste
Perante o vendaval?
Bem sei, és
Teu único inimigo.
(E ali deitado,
Onde o sonho lhe traz a morte,
Seu ar emudece os pássaros;
Pois há, no peito, um tufão).
Dorme, titã lúgubre.
Vê o arrebol do amor onírico,
Enquanto a vida te devora.

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