E pensar que eu pense,
talvez
- apenas por um instante -
que em todas as vezes que lhe pedi para ficar,
com gestos,
sem o uso de palavras,
e não me permiti ser compreendido,
eu pudesse estar me policiando,
me contendo,
me controlando,
em posição defensiva,
sempre,
por desconhecer meus verdadeiros sentimentos,
por não querer demonstrar meus sentimentos,
no controle constante de minhas ações,
no limiar das emoções, pois
tenho medo
e é o medo que me faz agir desta forma.
Medo, medo
do seu julgamento,
medo que me impede de agir
como deveria aos seus olhos,
os seus olhos,
é isso, são os seus olhos,
o modo como você me vê,
como você me olha.
Você me conhece,
você me olha e sabe o que estou pensando,
o que estou sentindo,
você me conhece,
você me lê como uma página de um livro aberto,
tendo liberdade de ler cada linha
e interpretar cada palavra,
à sua maneira, me lê
do começo ao fim,
completamente,
e eu não posso ser tão transparente.
E apesar de tudo, eu espero,
que um dia, não muito distante,
pois pode ser tarde,
você entenda,
você me entenda
e não me julgue,
como faz agora.
E ao repentino término desta conversa,
nos calamos e ressentidos,
por todas as palavras mal ditas
e pelo violento silêncio ensurdecedor que nos rodeia,
oprimindo tudo que não foi, mas
deveria ser dito,
nos afastamos e cada um segue seu caminho,
e ao cair da noite,
quando a solidão bater à porta
- como sempre vinha nos visitar,
você lembra, mesmo tendo um ao outro -
iremos nos lamentar
pelo que não aconteceu.
21.10.09
16.10.09
Autorretrato
Eis o titã adormecido:
Mestiço que a noite mal vestiu.
A pele feito terra,
Os músculos rochosos
E a carne escassa...
És tão pesado, titã audaz!
Nunca te inclinaste
Perante o vendaval?
Bem sei, és
Teu único inimigo.
(E ali deitado,
Onde o sonho lhe traz a morte,
Seu ar emudece os pássaros;
Pois há, no peito, um tufão).
Dorme, titã lúgubre.
Vê o arrebol do amor onírico,
Enquanto a vida te devora.
Mestiço que a noite mal vestiu.
A pele feito terra,
Os músculos rochosos
E a carne escassa...
És tão pesado, titã audaz!
Nunca te inclinaste
Perante o vendaval?
Bem sei, és
Teu único inimigo.
(E ali deitado,
Onde o sonho lhe traz a morte,
Seu ar emudece os pássaros;
Pois há, no peito, um tufão).
Dorme, titã lúgubre.
Vê o arrebol do amor onírico,
Enquanto a vida te devora.
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