Prezado Senador Valdir Raupp,
O senhor recebe um salário exorbitante para trabalhar para o povo, não para censurar as liberdades dele.
Se a intenção do senhor é ajudar a extirpar do nosso país todos os valores ocidentais dos quais me orgulho de ter aprendido nele - a liberdade de expressão, a democracia, o libertarianismo - então o senhor estará fazendo um ótimo trabalho com esse novo projeto de lei. O senhor nos colocará no mesmo patamar de países ditatoriais como China, Irã, Coréia do Norte, ou até mesmo o vergonhoso Brasil de algumas décadas atrás.
A única diferença entre censurar jogos violentos e filmes violentos é o grau de interatividade que um tem e o outro não. Mas em essência, qual é a diferença?
Em vez de se ocupar com proibições fúteis e infrutíferas e criar novos projetos de lei inúteis, eu acho que os senhores do senado deveriam investir o seu tempo e o meu dinheiro em coisas mais lucrativas como educação, saúde, criação de empregos e oportunidades para o cidadão brasileiro. Eu lhe garanto, senhor Raupp, que, se o governo se esforçar bastante nesses âmbitos, a necessidade de censurar quaisquer jogos eletrônicos será nula.
Eu tenho 22 anos de idade, cresci com jogos violentos desde os meus 9 e sou um cidadão de bem com perfeito discernimento. Se o senhor tivesse um melhor entendimento da juventude brasileira atual, saberia que minha história é apenas uma em milhões. Darei um conselho: procure saber sobre o que aconteceu na Grécia quando o governo resolveu proibir os jogos eletrônicos. Até mesmo a Côrte de Justiça Européia enviou um comunicado para apontar o quão idiótica foi essa medida. Infelizmente nós no Brasil não fazemos parte de um órgão que possa oferecer ao nosso governo um copo de realidade em tempos necessários.
Não irei me delongar, antes de finalizar esse e-mail peço perdão se não me referi ao senhor propriamente. Não sei se devo lhe chamar de vossa excelência ou qualquer coisa que o valha, francamente essa é a menor das minhas preocupações. Porém venho aqui com todo o respeito lhe oferecer o ponto de vista de um brasileiro comum.
Atenciosamente,
Felipe